Super Robot Wars T - Um dos melhores jogos da geração

 

Sempre quando uma série é grande, é um desafio indicar um jogo para quem nunca jogou. Você pode indicar o primeiro que te fez apaixonar pela série, mas ele pode ser antigo demais. O novo pode não ser tão bom. A série pode estar em um arco de vários jogos impossibilitando a entrada de novos jogadores no meio da saga. Ainda mais quando uma série é de crossover como Super Robot Wars, com muitos personagens que você pode não conhecer.

Desde quando a série Super Robot Wars começou a ser traduzida oficialmente para o inglês, ele passou por esses problemas. O primeiro foi Moon Dwellers da série Super Robot Wars OG, ele é o 5º da saga que só tinha até então os dois primeiros traduzidos para o Gameboy Advance. Ótimo jogo, péssimo ponto de entrada.

E então um milagre aconteceu, Super Robot Wars V veio oficialmente para ocidente, o primeiro com crossover de séries licenciadas de animes! Um ótimo jogo, mas ele é composto por 3 dimensões, cada dimensão tem sua introdução, então é um jogo que se demora mais para esquentar do que o normal para série. Fora que vi muita gente se perguntando se o "V" era de 5 e era necessário jogar os outros. Não! V é de Voyage, não um numeral!

Super Robot Wars X veio na sequência com o tema Isekai, ao invés de facilitar trazendo todas as séries para um mundo só, acaba complicando pois as séries ficam bem "nulas", poucas participando do enredo e o background explorado mais em texto. Um ótimo jogo com séries populares como Code Geass e Tengen Toppa Guren-Lagann, mas mais uma vez, talvez não a melhor para começar.

Eis que então vem Super Robot Wars T, o mais recente título, disponível para PS4 e Switch, para minha surpresa, um dos melhores jogos da série, com ótima história, boa de acompanhar, sem múltiplas dimensões, com séries populares e múltiplas adições no gameplay.


O nome do jogo já traz uma grande característica da série que estava perdida nos últimos jogos e que sempre foi uma das maiores qualidades da série em relação a outros jogos de crossover.

O "T" do título vem de Terra e jogo une todas séries em um único mundo, com um background único, não em múltiplas dimensões, algo difícil de se fazer, mas que torna tudo melhor. Não que não exista outros mundos, Guerreiras Mágicas de Rayearth fazem parte do jogo, mas o foco realmente é na Terra e no sistema solar, de uma maneira que qualquer um pode acompanhar os eventos mesmo sem conhecer nenhum anime.

E a história realmente é um dos destaques desse jogo.

Primeiramente vou listar as séries presentes no jogo para facilitar a descrição da ambientação. 

Séries estreiando:

Expelled from Paradise;
Cowboy Bebop;
Arcadia of My Youth: Endless Orbit SSX (Captain Harlock);
Magic Knight Rayearth.

Séries recorrentes:

Aura Battler Dunbine (+ estreia de unidade só presente em artbook);
New Story of Aura Battler Dunbine;
Getter Robo Armageddon (+ estreia de unidade do jogo Getter Robo Daikessen);
Gunbuster;
Gun X Sword; 
Mazinger Z: Infinity (Primeira aparição fora do mobile);
Martian Successor Nadesico: The Motion Picture – Prince of Darkness;
Mobile Fighter G Gundam;
Mobile Suit Zeta Gundam;
Mobile Suit Gundam ZZ;
Mobile Suit Gundam: Char's Counterattack (+ unidades da Novel Beltorchika’s Children);
Mobile Suit Crossbone Gundam (+ unidades do mangá Skull Heart + The Steel 7);
The Brave Express Might Gaine;
King of Braves GaoGaiGar;
Votoms (The Last Red Shoulder + Big Battle);
Trider G7.


A história gira em torno de um sistema solar em crise econômica. Quando se iniciou a exploração do sistema solar se deu início a uma "Golden Age", uma era de ouro de progresso tecnológico e econômico, com investimentos que levaram a criação de colônias espaciais na órbita da Terra e colonização da Lua, Marte e luas de Júpiter.

Porém chegou um ponto onde o homem não conseguiu prosseguir na sua exploração espacial, ele não conseguiu ir além do sistema solar por limitações físicas e sem mais o que explorar os investimentos  financeiros nas colonias espaciais cessaram, em troca só sobraram as grandes taxas e opressão da Federação o que levou a revoltas das colonias espaciais na órbita (Gundam), em Marte e Júpiter (Nadesico e Gundam Crossbone), unindo assim o background da maioria das séries.

Com o espaço abandonado pela lei, surgem caçadores de recompensa como o grupo de Cowboy Bepop, uma Marte com tema de faroeste de Gun x Sword, piratas espaciais como Captain Harlock e Gundam Crossbone.

Então a "Golden Age" deu lugar a um período de depressão econômica, tecnológica e social chamada de "Twilight Age" e 10 anos após esses vários conflitos internos, o jogo começa.

E o jogo segue do início ao fim unindo todas as séries em torno da temática "Como sair de uma crise", cada antagonista com sua proposta, cada série trazendo um elemento diferente ao mesmo tema, com muitas pseudo-utopias como o paraíso de "Expelled from Paradise", Cephiro de Rayearth, Arcadia de Captain Harlock, o mundo militar de Votons, a visão do Companheiro de Gun x Sword, essa união de tudo em torno em um mesmo tema é o que torna a história tão boa de acompanhar.


Os protagonistas do jogo são gerentes da divisão especial 3 da empresa VTX Union Inc.

Bem, ao menos o que você escolher será o gerente.

Saizo é o protagonista masculino, dedicado e focado no trabalho, levando a sério as questões trabalhistas, acaba sendo sem noção e gerando momentos engraçados, como quando o grupo estava sendo atacado e com medo, ele achava que o "stress" era por lutar fora do horário de trabalho e tentou acalmar garantido que seria pago o adicional noturno.

Sagiri é a protagonista feminina, ela também se dedica ao trabalho,  mas mais motivada pelos bônus de dinheiro, o que gera piadas semelhantes, mas diferentes, com ela tentando empolgar o grupo com a promessa de adicional noturno na mesma situação, por exemplo.

Ambos são ótimos e divertidos e também fogem do padrão protagonista jovem e inexperiente, numa posição de chefia e com mais idade. O que para mim tanto faz, mas tem gente que valoriza, nem que seja para variar mesmo. (Fica o papel do inexperiente para a sub-piloto da unidade, ha!)


O jogo é um S-RPG isométrico. Nada impressionante no mapa de batalhas, isso é o normal e funcional do gênero, muito do charme vem das animações de batalha, com animações 2D caprichadas, o que é muito mais difícil de se fazer no mundo HD que o 3D.

Como a série ano que vem completa 30 anos de existência, sem parar, o sistema de jogo é muito rico com muitas features de customização, seja melhorando unidades, pilotos, ensinando skills, equipando itens, melhorando nave-mães... O que abre muita possibilidade de jogatina e aumenta o fator replay.

Tantas features pode tornar o jogo um pouco desafiante para o iniciante, mas muito fácil para o experiente e um dos problemas da série é que ela estava se tornando fácil e mais fácil. Super Robot Wars T também dá um salto nesse aspecto. São 4 níveis de dificuldade, incluindo um novo Super Expert Mode, o DLC adicionou também adicionou uma outra opção de dificuldade, "Basic, Super e Hyper Custom" que muda o level e habilidades dos inimigos, o que soma com a opção de dificuldade anterior e tudo pode ser mudado no menu durante o jogo.

Não só isso como foi a primeira vez que o level cap mudou de 99 para 200, fora um novo Tier de skills chamado EX, então realmente capricharam para você poder jogar algo mais desafiante e ao mesmo tempo também poder ficar mais e mais overpower. Até para quem já conhece bem o gameplay, SRW T trouxe algo novo.

Mas a feature que mais gostei foi o aviso de batalha para quando sua unidade vai destruir o inimigo. Simples, não? Mas sabendo que o ataque vai destruir o inimigo eu fico muito mais animado para ligar as animações de batalha e não utilizar só o ataque mais forte. Uma pequena feature que te faz aproveitar muito e muito mais as animações que é um dos grandes atrativos do jogo.


Outra prova na confiança com o título, foi a primeira vez que o tema musical cantado pela JAM Project foi gravado em japonês, chinês, coreano e inglês. O título do tema é Tread on the Tiger's Tail, o mesmo nome do grupo de heróis no jogo. Curiosidade é que ele foi composto pelo brasileiro Ricardo Cruz e a letra por Hironobu Kageyama (De Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco).

Super Robot Wars T é um dos melhores jogos de toda a série, tanto em história como gameplay, é o mais recente, com a melhor interface, então finalmente um jogo que torna fácil de dizer: É o melhor ponto de entrada.

Este ano de 2020 foi um ano sem um jogo novo da série, a primeira vez em 29 anos da série. Quem sabe o próximo jogo venha com o mesmo capricho na história que o SRW T teve. Provavelmente dará início a uma nova saga, onde os jogos seguintes terão continuidade. Jogos com continuidade geralmente possuem um capricho extra, mas são mais difíceis de entrar ou possuem finais com mais pontas soltas.

 Então provavelmente Super Robot Wars T será o melhor jogo para entrar na série por um longo tempo.

Fiz também uma sequência de posts detalhando as séries de anime contidas e no contexto do jogo, pode ser lido clicando aqui.

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